terça-feira, 5 de julho de 2011

Viva a sociedade alternativa!

          Você gostaria de viver em uma anarquia? Para muitos a resposta seria "Não" e, talvez, apenas por carregarem consigo o equivocado conceito de que ANARQUIA=BAGUNÇA. Mas, não. Anarquia não quer dizer desordem, pelo contrário, as idéias anarquistas incitam a instituição de uma nova ordem na qual não haveria necessidade de um governo centralizado. Esse é o conceito geral.

          Dentro da doutrina anarquista existem vários conceitos como: princípio da não-doutrinação, humanismo, revolução social, liberdade, antiautoritarismo, ação direta, apoio mútuo, internacionalismo e virtuosidade da revolta. E, ainda, vária vertentes como: anarquismo filosófico, o mutualismo e o anarquismo individualista entre outras.

          Destarte me surge a questão: Como será possível chegarmos a viver em um regime anarquista, se mesmo dentro da doutrina há diversas vertentes que, por vezes, se contrapõem? Será possível que, diante de todas as diferenças e desejos, a humanidade conseguiria viver sob um regime anarquista ou uma só doutrina seja ela qual for?

          A idéia do "bom selvagem", de Rousseau, me faz pensar se o retorno do homem ao seu estado natural realmente seria a melhor maneira de se viver em anarquia? E seria. Contudo também seria necessário que todos os homens vivessem em iguais condições de meio ambiente, ou seja, o planeta teria que ser um paraíso. Não há como negar que as condições ambientais que cada povo estava submetido contribuiu enormente para a evolução social, econômica e cultural de cada população.

          E na medida que foi passando por frio, fome, calor e agressões físicas e psicológicas aquele bom selvagem, lá de trás, começou a desenvolver sentimentos - inerentes à sua natureza -  que estavam adormecidos e foram despertados de acordo com o que aquelas novas situações os apresentavam.

          Imagino como seria possível privar a sociedade de uma forma de governo ou autoridade se, imagine, dentro de uma residência, onde mora um casal, os confrontos de opiniões são inevitáveis e se encerram, diversas vezes, sem um acordo entre as partes. Agora tente juntar quase sete bilhões de pessoas dentro de um regime onde as decisões serão tomadas e praticadas por essa "pequena" coletividade. Como colocar em prática uma doutrina que, por mais bem intencionada que seja, não apresenta nem entre seus adeptos uma coesão?

          Não sou contra a anarquia, apenas enxergo-a como algo longe de ser alcançado. E mesmo que um dia a anarquia fosse implantada, acredito que não tardaria para que as primeiras divergências surgissem, os conflitos reiniciassem, os mais fortes voltassem a se impor sobre os mais fracos e novamente - como em um círculo vicioso - os estados seriam reinstaurados, as fronteiras restebelecidas, novas leis criadas e, assim, novos anarquistas surgiriam e tentariam mais uma vez expurgar os venenos da ganância, da vaidade e do poder da personalidade humana. Será que os de hoje vão conseguir? Infelizmente, eu acho que não. Viva a sociedade "sem" alternativa!

Um comentário:

  1. Entendo a anarquia como uma filosofia possível,mesmo que me baste alimentá-la como eixo que suporte outros ideais girando em torno dele.

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