quinta-feira, 7 de julho de 2011

Sabe aquela do português?

           No Brasil quando se fala de Portugal é comum que as pessoas logo façam piadas sobre a inteligência de nossos patrícios. No entanto há quem mais discorde, do que o contrário, dessas ideias. Uma dessas pessoas que viu nos portugueses valores mais altruístas foi Manoel Bomfim um sergipano, pouco reconhecido, o qual dedicarei um texto exclusivo muito em breve.

           É preciso reconhecer e respeitar a história do povo português. Existem traços na sua personalidade que serviram de base para a formação da nação. Chamo sua atenção para a importância que as virtudes daqueles povos formadores de Portugal - Celtas, Lusitanos, Galaícos e Cinetes - juntas às influências que sofreram de povos visitantes - Fenícios e Cartagineses - somadas à união necessária para resistir aos seus conquistadores - Romanos, Suevos, Vândalos, Alanos, Búrios e Visigodos - e incorporando-as às ciências dos Mouros, fizeram com que Portugal realiza-se o obra que mudaria para sempre os caminhos da humanidade.

           O vigor daqueles povos precipitou as idéias de unidade e mostrou-se tão coeso  que, mesmo o poderoso Império Romano ao vence-los não os incorporou como uma conquista, mas como uma província. Mais tarde, veriam os romanos, isso se tornaria um erro maquiavélico. Mesmo os Bárbaros Germânicos, que por ali também se estabeleceram, não conseguiram firmar as muralhas do feudalismo. Mas coube ao sarraceno, ainda que não tivesse a intenção, lapidar aquela pedra bruta e dá-la o refinamento necessário para que aqueles povos conseguissem construir a primeira nação completa, na Europa do século XIV.

           Apesar de bárbaros, os lusitanos, eram mais homogêneos e unindo-se melhor dentro de um grupo conseguiram impor resistência à Roma. Dessa forma desenvolviam-se as virtudes coletivas que, de certa maneira sem diminuir o vigor, alterava o caráter formando uma consciência de disciplina e cooperação social.

           Os portugueses souberam exatamente como condensar ao seu favor tudo o que tinham a disposição e usar esses recursos para iniciar um processo que mudaria todo a história desse povo e do mundo. Segundo Manoel Bomfim:

" Tudo o que parece decisivo para os projetos dos portugueses, existia independente deles: tradições púnicas, sede de conquistas, barcas vinkings, lendas maravilhosas acendendo cobiças, grandes pilotos para todas as travessias... o que não existia era a concordância destas influências sobre um povo de gênio político, unificado no desejo de ser materialmente grande pela riqueza; um povo com virtudes de vontade para transformar esse desejo em necessidade de dominar o mar, como realização de seu destino; um povo levado por chefes com valor de alma necessário para sentir e condensar as tendências e necessidades gerais. Com dirigentes assim a nação forte se realiza. Foi o que aconteceu com Portugal."
           Por empréstimo faço uso das palavras de Santo Agostinho quando ele define: " Querer, é uma operação de Deus, em nós". E muito quiseram os portugueses, tanto que conseguiram ir onde nenhum outro povo teve a ousadia de tentar. O povo das caravelas dominou o Atlântico, contornou a costa da África, estabeleceu uma nova rota marítima para o oriente e controlou o cobiçado comércio com as Índias.

           O portugueses foram precoces na política, deram o primeiro exemplo de monarquia administrativa, valorizaram a coletividade representada na dinastia, contrariando as pretensões da aristocracia. Fora do tempo, os lusitanos, conseguiram o que muitos tentaram sem sucesso. Eles recriaram Roma. Portugal criou o "Império Moderno" e desafiou a todos e por todos foi respeitado.

           Portugal flutuava sobre o mar e sobre o resto do mundo, mas como sempre em sua história as adversidades surgiriam e colocariam, de novo, o pequeno reino à prova. E o povo português mais uma vez mostraria que de tenacidade e pertinência sempre foi formado o seu caráter e o seu espírito. Foi na batalha de Alcácer-Quibir que morreu D. Sebastião e uma boa parte da nobreza, seu sucessor o Rei-Cardeal D. Henrique faleceu apenas dois anos após ter sido coroado. Esses fatos causaram a Crise da Sucessão de 1580 e os portugueses foram obrigados a ter como rei um espanhol, Felipe II. Depois de quase sessenta anos e novamente unidos, pelas virtudes de suas raízes, a nobreza portuguesa conduziu um golpe de estado coroando D. João IV como rei de Portugal.

           No entanto o resultado dos anos sob domínio espanhol foi o enfraquecimento do estado português, como a perda do monopólio comercial com as Índias Orientais. Mas, outra vez, o português soube se erguer e foi buscar nas terras brasileiras os metais e pedras preciosas que impulsionaram novamente sua economia, mesmo que ao custo de uma dependência mercantil com a Inglaterra. Fortaleceu seu comércio com exportações de produtos, como o vinho, e contou com o Marquês de Pombal para impulsionar com reformas mercantilistas o desenvolvimento econômico do reino.

           E, de novo, Portugal chega quase a ruína total, em 1 de Novembro de 1775, num devastador terremoto que destruiu Lisboa e o Algarve.  E mesmo depois daquela manobra política, para muitos uma covardia, do governante português que buscou refúgio na colônia tentando evitar a perda daquilo o que ainda tinham de mais precioso, mesmo abandonando seus súditos ao fio da espada francesa. Mesmo traído por seus governantes o povo português não ficou apático ante a opressão daquelas tropas e levantaram hostes espontâneas, as primeiras a bater definitivamente a loucura do conquistador francês. Era esta a energia que movia os portugueses. E o que levou essa gente tão tenaz e pertinente à decadência?

Manoel Bomfim responde:

" A nação heróica morreu, para efeitos sobre o mundo, porque os seus dirigentes se degradaram, e a reduziram à mesma miséria, em que se lhes mingou o caráter e a inteligência."
          O parasitismo mercantil no qual se deitou Portugal, primeiro no comércio com o oriente e depois no tráfico negreiro conduziu os portugueses ao esquecimento daquelas virtudes iniciais. Em seu processo de expansão ultramarino os portugueses sempre deixaram claro que, acima de qualquer outra coisa, era a mercancia que fazia girar as engrenagens de sua máquina. E até o momento que determinada atividade comercial o satisfazia, Portugal,  transformava o privilégio daquele comércio em extorsão, espoliação e degradação... Degradando-se a ele mesmo. Segundo Bomfim:

" Os governantes se tornaram devoradores e gozadores. O valor humano, decai; reduz-se o intelecto, afrouxa-se o caráter... Mas não diminui a ganância."
            Atualmente Portugal atravessa uma das piores crises de sua história e, novamente por decisões ruins, de governos ruins, tão incompetentes quanto aqueles que , em outrora, conseguiram minar até sua ruína o poderoso Império Português. Diante disso o valoroso povo lusitano é obrigado a gritar por socorro. Mas, ainda, há de reacender, nos atuais portugueses, o espírito de seus antepassados e o vigor, a tenacidade e a pertinência, outra vez, servirão de apoio para reerguer esse país tão importante para a história do Brasil quanto do mundo.
    
            Força Portugal.



Um comentário:

  1. pagaria uma fortuna pra saber de onde surgiu a idéia de que o portugues é tão tolo... quem dera o Brasil fosse primeiro mundo...

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